José Monir Nasser fala sobre as diferenças entre as abordagens filosóficas entre Sócrates e Platão

Descrição

Neste trecho de sua palestra sobre o livro Mênom, de Platão, o saudoso professor e economista José Monir Nasser (1957 – 2013) fala sobre as diferenças entre as abordagens filosóficas entre Sócrates e Platão, dois gigantes do pensamento ocidental.

Através de uma análise detalhada e rica em contexto histórico, Nasser nos ajuda a entender o que diferenciava os métodos e objetivos de cada um, e como esses pensadores moldaram a base da filosofia que conhecemos hoje.

A busca pela verdade em Sócrates e Platão

José Monir Nasser destaca que Sócrates tinha como principal preocupação a busca pela verdade através da recuperação da identidade entre o “logos” (a palavra, o discurso) e a “coisa” (a realidade objetiva). Para Sócrates, o uso correto das palavras era essencial, pois acreditava que as palavras deveriam refletir com precisão a essência das coisas.

Essa abordagem é exemplificada pela sua insistência em fazer com que as pessoas chamassem as coisas pelo que realmente eram, sem desvios ou falsificações. Sócrates via a linguagem como um instrumento para alcançar o conhecimento verdadeiro, e seu método de questionamento, conhecido como “método socrático”, visava expor contradições no pensamento das pessoas e, assim, levá-las a uma compreensão mais profunda da verdade.

Por outro lado, Platão, aluno de Sócrates, tinha uma visão mais ampla e, segundo Nasser, sua filosofia era de natureza moral e cósmica. Enquanto Sócrates focava em restaurar a conexão entre a palavra e a coisa, Platão buscava restaurar a harmonia entre a “pólis” (a cidade, a organização social) e o “cosmos” (a ordem universal). Para Platão, a sociedade deveria estar em sintonia com a ordem cósmica, e sua teoria das ideias refletia essa busca pela harmonia universal.

O combate contra os sofistas e a corrupção da linguagem

Tanto Sócrates quanto Platão enfrentaram o desafio de lidar com os sofistas e retóricos de sua época, que usavam a linguagem para manipular e distorcer a verdade. José Monir Nasser explica que Sócrates via nesses “falsificadores do discurso” um grande inimigo, pois corrompiam a linguagem para enganar e confundir as pessoas.

Platão, seguindo os passos de seu mestre, também combatia esses sofistas, mas o fazia em um nível mais profundo, tentando não apenas restaurar a identidade entre o “logos” e a “coisa”, mas também harmonizar a vida social e política com a ordem do cosmos. Ele acreditava que a justiça na cidade (a pólis) refletiria a harmonia no universo, e suas obras A República e As Leis são exemplos clássicos de sua tentativa de descrever como essa harmonia cósmica deveria ser implementada na sociedade.

Sócrates: a recuperação da verdade objetiva

Sócrates via a verdade como algo objetivo, que poderia ser recuperado através da filosofia e da correta aplicação da linguagem, e buscava fazer com que as pessoas abandonassem ideias confusas e enganadoras, e retornassem a um estado de clareza intelectual, onde a palavra descrevesse fielmente a realidade. Essa busca pela verdade era o coração de sua missão filosófica, e ele acreditava que o diálogo e a investigação crítica eram os meios pelos quais essa verdade poderia ser alcançada.

Platão: a harmonia entre a pólis e o cosmos

Para Platão, a questão ia além da linguagem. Ele via a organização da sociedade como uma extensão da ordem cósmica, e acreditava que a vida humana deveria ser organizada de maneira a refletir essa harmonia universal. Sua teoria das ideias, onde o mundo sensível é apenas uma cópia imperfeita do mundo das formas perfeitas, reflete essa preocupação com a harmonia e a ordem. Platão acreditava que as leis e a justiça na cidade deveriam espelhar a perfeição do cosmos, e sua obra buscava guiar os governantes e filósofos para a implementação dessa visão.

Conclusão: as diferenças fundamentais entre Sócrates e Platão

Embora Sócrates e Platão compartilhassem uma profunda preocupação com a verdade e a justiça, suas abordagens eram diferentes. Sócrates focava na recuperação da identidade entre as palavras e as coisas, enquanto Platão expandiu essa busca para a organização da sociedade em harmonia com o cosmos. Ambos, no entanto, permanecem gigantes da filosofia ocidental, e sua influência continua a moldar o pensamento contemporâneo.

A análise de José Monir Nasser oferece uma visão clara e acessível dessas diferenças, ajudando-nos a entender melhor a profundidade do pensamento dessas figuras.

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P.S.: este clipe foi providenciado pelo canal Ewerton Kleber e publicado originalmente em 30 de julho de 2018.

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