Jordan Peterson fala sobre Q.I. e o mercado de trabalho

Descrição

Neste vídeo, o acadêmico e psicólogo canadense Dr. Jordan B, Peterson fala sobre a ideia do Q.I., e como as várias profissões no mercado de trabalho exigem diferentes níveis de quociente de inteligência de seus empregados.

Em outras palavras, de forma clara e provocativa, o trecho explora como as demandas cognitivas variam conforme a complexidade dos trabalhos, ao mesmo tempo em que alerta sobre as consequências de uma sociedade que está cada vez mais voltada para funções cognitivas mais elevadas.

Índice

• A relação entre Q.I. e habilidades cognitivas
• Níveis de Q.I. e diferentes carreiras
• O problema dos Q.I.s abaixo de 87
• O impacto da automação e inteligência artificial
• Críticas à resposta dos lados político
• As consequências de um mercado de trabalho cada vez mais exigente
• Considerações finais
• Notas da tradução
• Conteúdo relacionado

A relação entre Q.I. e habilidades cognitivas

Peterson começa explicando o que ele chama de “inteligência cristalizada” e “inteligência fluida”. A inteligência fluida refere-se à capacidade de resolver problemas e lidar com novas informações rapidamente. Já a inteligência cristalizada é o conhecimento acumulado ao longo do tempo. Essas duas formas de inteligência, de acordo com o exposto, estão interligadas, pois uma prepara o terreno para a outra.

Por exemplo, uma pessoa com alta inteligência fluida será capaz de aprender e absorver informações de maneira rápida e eficiente, o que se traduz em um acúmulo maior de inteligência cristalizada, observando que, embora a inteligência fluida possa ser perdida em casos de dano cerebral, a inteligência cristalizada geralmente permanece intacta.

Níveis de Q.I. e diferentes carreiras

Peterson entra então em uma das partes centrais da sua palestra: o quão inteligente você precisa ser para desempenhar diferentes papéis no mercado de trabalho, listando profissões e os níveis de Q.I. exigidos para cada uma delas. Aqui estão alguns exemplos fornecidos no vídeo:

• Q.I. entre 116 e 130 – Profissões como advogado de defesa, químico, engenheiro, gerente executivo, entre outros, estão nessa faixa. Esses papéis exigem alta capacidade cognitiva e são ocupados por cerca de 1 pessoa a cada 8 ou 1 a cada 20.
• Q.I. entre 110 e 115 – Publicitários, contadores, gerentes de vendas e enfermeiros geralmente têm essa pontuação. Essas são profissões que exigem habilidades técnicas mais moderadas e alguma capacidade para lidar com complexidades.
• Q.I. entre 100 e 103 – Profissões como despachante, recepcionista e policial de rua são exemplos dessa faixa, que é mais comum e representa a média de inteligência da população.
• Q.I. de 95 a 98 – Aqui, Peterson lista operários, gerentes de fast-food e seguranças. Esses trabalhos exigem habilidades técnicas básicas e tendem a ser mais repetitivos.

O problema dos Q.I.s abaixo de 87

Um ponto preocupante levantado por Peterson é o que chama de “grande problema” para pessoas com Q.I. abaixo de 87, que  têm dificuldade em encontrar ocupações que se ajustem às suas capacidades. Peterson observa que, apesar de representar aproximadamente 15% da população, há muito poucas profissões disponíveis para indivíduos com esse nível de Q.I., “algo que nossa sociedade ainda não tentou resolver”. Ele até menciona que o Exército dos Estados Unidos não admite pessoas com Q.I. inferior a 83, pois não há funções que essas pessoas possam desempenhar com eficácia.

O impacto da automação e inteligência artificial

Outro ponto crucial levantado por Peterson é o impacto que a automação e a inteligência artificial terão no mercado de trabalho, especialmente para as pessoas com Q.I. mais baixo, destacando que uma das maiores categorias de emprego é a de motoristas, mas com o avanço dos carros autônomos, esses empregos estão em risco de extinção. Ele alerta que as pessoas que perderem seus empregos para a automação provavelmente enfrentarão sérios problemas, como depressão e abuso de substâncias, particularmente se forem menos qualificadas e com baixos níveis de Q.I.

Críticas à resposta dos lados político

Peterson critica tanto conservadores quanto progressistas em suas respostas a esse problema. Ele diz que os conservadores, ao dizerem “eles deveriam se esforçar mais”, estão ignorando a limitação real das capacidades intelectuais. Por outro lado, critica os progressistas por insistirem que “não há diferenças entre as pessoas” e que qualquer um pode ser treinado para qualquer coisa, o que ele classifica como “completamente errado”.

As consequências de um mercado de trabalho cada vez mais exigente

Conforme o mundo do trabalho continua a exigir níveis cada vez maiores de competência cognitiva, Peterson destaca que o futuro pode ser sombrio para aqueles com Q.I. mais baixo. Com empregos mais simples sendo substituídos por máquinas ou exigindo habilidades mais complexas, as opções para essas pessoas diminuirão drasticamente. De acordo com o canadense, sem resolver esse problema, a sociedade enfrentará uma crise crescente, marcada por desemprego, pobreza e dependência de drogas.

Considerações finais

Neste clipe, Jordan Peterson oferece uma visão direta e muitas vezes desconfortável sobre a relação entre inteligência e sucesso no mercado de trabalho, argumentando que enquanto a sociedade avança tecnologicamente e torna-se mais exigente cognitivamente, aqueles com níveis mais baixos de Q.I. enfrentam um futuro incerto e difícil. Para este psicanalista, é urgente que esse problema seja discutido abertamente, sem as soluções simplistas oferecidas por militâncias políticas.

Este vídeo reflete um dos muitos temas polêmicos que Peterson traz à tona, desafiando a sociedade a pensar criticamente sobre questões que muitas vezes são ignoradas ou abordadas de forma superficial. É um convite para uma reflexão mais profunda sobre como nossa sociedade valoriza a inteligência e como nos preparamos para o futuro.

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Este trecho foi retirado da palestra “2017 Personality 18: Biology & Traits: Openness/Intelligence/Creativity I” pelo canal Jordan Peterson Legendado, que também traduziu e legendou o trecho em português brasileiro. Esta versão PT-BR foi publicada originalmente em 30 de março de 2018.

Notas da tradução

• SIT, GRI, LSAT: testes escolares aplicados aos alunos norte-americanos.
• Advogado de Defesa (Attorney): nos EUA e Canadá, há uma distinção entre Lawyer e Attorney, que ambos se traduzem como “advogado”. Enquanto “Lawyer” é qualquer pessoa com formação jurídica, “Attorney” é alguém que representa uma empresa ou pessoa judicialmente.
• Conscienciosidade: no contexto dos Big Five, os cinco grande aspectos da personalidade, a conscienciosidade (não confundir com “consciência”!) é uma dimensão comportamental que pode ser descrita como a tendência de controlar impulsos e agir de maneira socialmente aceitável. Tratam-se dos comportamentos que facilitam o alcance de metas e objetivos pessoais.
  As pessoas desse grupo se destacam em sua boa capacidade para seguir regras, planejar e se organizar de forma eficaz. As pessoas que apresentam alto nível de conscienciosidade geralmente também são persistentes, ambiciosas, disciplinadas, confiáveis, previsíveis e energéticas.
  As pessoas que já possuem esse traço dominante provavelmente serão bem-sucedidas nos estudos e em suas carreiras. Elas são propícias a se destacar em posições de liderança e a perseguir seus objetivos com determinação.
• Colarinhos brancos (white collar class): nos EUA/Canadá, as classes trabalhadoras são comumente divididas em blue collar class (trabalhadores da indústria) e white collar class (trabalhadires de escritório).
• Demerol: analgésico, que atua como depressor do sistema nervoso central, utilizado para alívio da dor de intensidade média ou alta, geralmente em pacientes em casos terminais de neoplasias.
  Pertence ao grupo dos opioides sintéticos, aos quais pertence também, por exemplo, a metadona. Tal como outros opióides, pode causar síndrome de abstinência se o uso contínuo for suspenso de forma abrupta. Portanto, deve-se retirar a dose de modo gradual.

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