Rodrigo Gurgel – Madame Bovary, de Gustave Flaubert

Rodrigo Gurgel fala sobre Madame Bovary, de Gustave Flaubert, abordando não apenas os aspectos narrativos e psicológicos dos personagens de um dos romances mais influentes da história, mas também a luta do próprio autor para materializar sua visão literária. Acesse aqui a descrição completa.


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Descrição

Neste vídeo originalmente publicado em 1º de março de 2019, o escritor e professor Rodrigo Gurgel fala sobre Madame Bovary, a obra-prima de Gustave Flaubert considerada seminal do realismo literário, best-seller e um dos romances mais influentes da história.

Trata-se de uma análise profunda e intimista da obra, abordando não apenas os aspectos narrativos e psicológicos dos personagens, mas também a luta do próprio autor para materializar sua visão literária.

Um romance marcado pelo esforço do autor

Gurgel inicia o vídeo ressaltando as dificuldades que Flaubert enfrentou para escrever Madame Bovary, o qual levou cinco anos para ser concluído. Para este autor francês,, escrever era uma luta constante, refletida em suas cartas, nas quais ele confessa suas crises de desânimo, cansaço e momentos de quase desistência.

Em uma das cartas, Flaubert se descreve exausto, como se estivesse empurrando montanhas, e diz que, mesmo escrevendo cerca de sete horas por dia, produzia apenas 20 páginas por mês. Essa intensidade emocional e o imenso esforço empregados na obra são fundamentais para entender a profundidade do livro e o impacto que ele causou.

Obsessão pelos detalhes

Rodrigo Gurgel também enfatiza o fascínio de Flaubert pelo detalhe, que permeia Madame Bovary em cada página, denotando uma obsessão por capturar a realidade de forma minuciosa, usando todos os sentidos para descrever cenas, objetos e emoções. Esse foco nos pequenos pormenores cria uma sensação de realismo extremo e convida o leitor a se envolver completamente com o universo do romance.

A cena que Gurgel descreve, em que Emma Bovary lambe o fundo de um copo vazio, é um exemplo claro dessa obsessão pelos detalhes. Essa atitude aparentemente banal já antecipa a natureza da personagem: uma mulher em busca de prazer e satisfação, que vai se tornar a verdadeira protagonista do drama que se desenrola.

A complexidade de Emma Bovary

Uma das maiores conquistas de Flaubert em Madame Bovary é a criação de uma personagem complexa e contraditória, ao mesmo tempo admirada e condenada pelo leitor. Flaubert evita estereótipos ou moralismos explícitos, apresentando-a de forma multifacetada, o que faz com que o leitor a compreenda e se distancie dela ao mesmo tempo. Ela não é descrita de maneira maniqueísta, mas sim como uma figura profundamente humana, com suas fraquezas, desejos e sonhos inatingíveis.

Rodrigo Gurgel também menciona uma famosa frase de Flaubert: “a palavra humana é como um caldeirão rachado. Nós batemos nele e produzimos melodias que servem para fazer os ursos dançarem, mas na verdade o que nós desejamos é fazer as estrelas dançar“. Essa metáfora representa a tensão entre a tentativa de capturar a verdade emocional e a falibilidade da linguagem humana.

Flaubert e o drama humano

Ao falar sobre Flaubert, Gurgel também explora a relação do autor com o drama humano, apontando que como, em algumas cartas, o francês expressa um desejo de se isolar da humanidade, mas, ao mesmo tempo, demonstra empatia pelas mulheres anônimas que conheceu em suas pesquisas. Essa dualidade reflete-se em sua obra, que é ao mesmo tempo desiludida e profundamente empática.

Flaubert conseguiu criar uma personagem como Emma Bovary, tão rica em complexidade, justamente porque ele entendia a natureza do sofrimento humano, o que resulta numa obra que não apenas analisa a vida de sua protagonista, mas também convida a refletir sobre nossas próprias escolhas, erros e anseios.

Conclusão

Rodrigo Gurgel, com sua análise profunda, nos mostra que Madame Bovary não é apenas um romance sobre as frustrações de uma mulher comum, mas um estudo sobre o processo de criação literária, sobre a luta do autor para comunicar suas emoções mais íntimas e sobre o retrato cruel e realista da vida humana.

Se você ainda não leu o livro, ou se deseja se aprofundar mais, a edição comentada mencionada por Gurgel é uma excelente opção para entender melhor a obra de Flaubert. E como ele bem coloca: a verdadeira grandeza de Madame Bovary reside nos detalhes, nas pequenas coisas que, juntas, revelam a complexidade de suas personagens e do mundo que Flaubert criou.

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